Entre aspas...

sábado, 23 de abril de 2011


  
  Vai passar tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada ''impulso vital''. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloquentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas.

(Caio Fernando Abreu)


A hora de baixar as armas!

domingo, 17 de abril de 2011



 “ Eu desisto! “ –  É, eu acabara de  pronunciar essas (pesadas) palavras! Para mim, não havia mais solução, o fim tinha chegado, precipidamente, e eu teria de me conformar. A vida acabara de me dar mais uma rasteira, e estava sentada na poltrona em frente a minha, rindo da minha cara. E, tenho a leve impressão de que, na minha testa, tinha escrito “idiota”, com letras bem grandes, para que todos vissem. É, chegara à hora de baixar as armas, se render... eu já não tinha mais forças para lutar! Nenhuma sequer. Logo eu, aquela que sempre falou que nunca devemos perder a esperança, acabara de confessar que a sua havia descido pelo ralo. É, tem momentos que não temos mais de onde tirar esperança e forças, mesmo que recauchutadas, e as pessoas se tornam pequenas demais para aquilo que queríamos realizar. E nossa coragem? É, ela se torna menor ainda.

" Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. 
Desistir é o verdadeiro instante humano. 
E só esta, é a glória própria de minha condição. 
A desistência é uma revelação. "
(Clarice Lispector)


Palavras são pouco, muito pouco...

quinta-feira, 7 de abril de 2011



Como descrever o que há aqui dentro? 
Como descrever o que meus olhos vêem quando você aparece, mesmo que ao longe? 
Como descrever o que ocorre com minhas mãos quando os meus olhos te avistam?
Como descrever a voz embargada na garganta quando você me dirige a palavra?
Como descrever esse brilho em meu olhar quando toco em seu nome?
Como descrever os momentos em que fico “nas nuvens” pensando em nós dois?
Como descrever o que ocorre em meu cérebro, que insiste em guardar somente seu rosto, sua voz, seu cheiro na memória?
Como descrever a loucura que sinto quando meu telefone toca e fico com a esperança maluca que seja você ligando?
Como descrever, e esconder, a felicidade no dia em que vou te ver?
Como descrever a saudade absurda que tenho de te ter aqui perto?
Como descrever essa escola de samba que se apropria do meu coração quando estou ao seu lado?
Como descrever esse amor, que é o maior e o mais puro do Universo?
Palavras são pouco, muito pouco...
O silêncio, aquele que nos cerca quando nos vemos refletidos no olho um do outro, explica tudo isso de uma forma bem mais fácil, mais mágica, mais linda!


"Quem procura as melhores palavras, ainda não está certo. 
Devemos procurar o melhor silêncio. O silêncio exato."
(Fabrício Carpinejar).