Grande Francisco! ♥

domingo, 27 de maio de 2012


  

  Como descrever o show de Chico Buarque? Ainda me faço essa pergunta. Quando o espetáculo chegou ao fim, comecei a pensar em palavras para descrever, mas elas me escaparam. Quando ele subiu ao palco, foi puro êxtase. Impossível transcrever a minha emoção. Eu só fui capaz de sorrir, aplaudir e chorar. Só a presença dele era suficiente. Mesmo que ele não proferisse uma só letra, eu estaria realizada. Mas ele cantou (e encantou)! As primeiras palavras que saíram de sua boca, foram ao encontro direto do meu coração, e a alma ficou repleta de uma beleza radiante de sensações! Ao ouvir clássicos como “Todo o Sentimento” e “Futuro Amantes”, tornei-me toda coração. Tive a sensação de que ele, enquanto cantava, olhava no fundo dos meus olhos, mesmo que eu estivesse á metros de distância de sua pessoa.  Ao ouvir “Sou Eu” e “A Violeira”, dancei, mesmo que somente com a alma. Ao ouvir “Desalento” e “Bastidores”, as lágrimas rolaram, sem freio. Ao vê-lo tão doce, tão simples e tão acanhando ao esquecer um pedaço da letra em “Se Eu Soubesse”, me apaixonei ainda mais por Chico. Me perguntava se era possível se apaixonar cada vez mais por uma pessoa, e ele me trouxe a resposta: Sim! Ao admirá-lo cantando “Geni e o Zepelim”, surgiu frente aos meus olhos, Chico ainda novo. Aquele que ali estava, de cabelos grisalhos, com roupa preta e que trazia no rosto as marcas da passagem do tempo, foi “substituído” por um de cabelos ainda castanhos, partido de lado, com uma blusa branca, e um rosto mais jovem. Entretanto, duas coisas permaneciam intactas: o talento e o belo par de olhos azuis, que me fizeram entender verdadeiramente o termo “eterno prisioneiro do tempo”. Cantei a noite inteira, sem restrições, como se ali só estivessem Chico e eu. Ao vê-lo se despedir, só tive a ação de ficar em pé e aplaudi-lo. Nada de tristeza, pois, como ele tinha acabado de cantar, todo artista tinha que partir. Ele cantava, emocionava, deixava um pedaço seu em cada palco, mas, ao final da noite, o corpo tinha que ir embora. Entretanto, verdadeiramente, Chico jamais diria adeus, porque ele não é matéria, não é som, não é letra, Chico é emoção, é paixão. Não há como descrevê-lo, podemos somente guardá-lo na alma e no coração, pois esses são os únicos lugares que o cabem. Chico é rei! E nada mais me resta a dizer.. 

Sobre quando a vida "é".

terça-feira, 1 de maio de 2012




  As roupas já não vestem. Os sapatos já não cabem. As migalhas não mais satisfazem. As coisas já não bastam. A multidão já não acolhe. Os sorrisos já não são despertados pelas mesmas coisas de outrora. As lágrimas já brotam com mais facilidade, ou já secaram e ficaram retidas dentro do peito, sem previsão de liberdade. O sol já não brilha com tanta intensidade. Os passos já não são tão largos. O coração quase não palpita. A respiração é quase inaudível. O travesseiro é o melhor companheiro. A imagem já não é a mesma no espelho... Parece que você foi se perdendo pela estrada, que a cada passo, pedaços seus foram caindo, e lá ficaram, no meio do caminho, sem resgate. O que restou? É difícil calcular. Ás vezes, você se torna distante até de si mesmo. Nada se encaixa. Nada faz sentido. As lembranças somam-se ás incógnitas do futuro, fazendo com que o presente se torne uma grande bagunça. O fim da estrada? Não há como percebê-lo. Está encoberto pela névoa do enleio e do medo. Parece que não há mais saída... E é nesse momento que a vida se transforma! Que o novo surge com suas cores e aromas. Que uma nova imagem surge no espelho. Você não se reconhece, mas sabe que a sua essência não mudou, que seu “eu” está ali, numa versão melhorada. Você é mais forte, mais preparado, mais livre, mais sábio. Novas oportunidades e sabores surgem, e o receio pode aparecer. Mas não tema. Se jogue! As melhores coisas não podem ser explicadas, e nem precisam disso. Deixe a vida “ser”. Mais na frente, tudo se justifica, e você, finalmente, vai entender o propósito de todas as coisas. 

"O tempo passa. O fôlego retorna. 
Parece milagre, mas as sementes de cura começam a florescer 
nos mesmos jardins onde parecia que nenhuma outra flor brotaria.
A alma é sábia: enquanto achamos que só existe dor, 
ela trabalha, em silêncio, para tecer o momento novo. 
E ele chega."
(Ana Jácomo)