É impossível dizer adeus!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

  

  Cheguei na estação em cima da hora, no momento exato em que o motorista anunciou a partida do trem, e a tempo de te ver, pela última vez, de relance. Somente ali eu havia descoberto o motivo de seu repentino e, até ali, inexplicável sumiço, o motivo de seu silêncio e das inúmeras ligações rejeitadas. Medo! Mais uma vez ele havia lhe travado.
  Vivemos um amor de verão. Intenso, forte e lindo! Um mês que mais parecera uma eternidade – ou talvez eu desejasse que houvesse sido realmente assim. Ocorreram entre nós coisas que jamais poderiam ocorrer com outras pessoas durante anos. Amamos de todas as formas possíveis. Sorrimos, choramos, brigamos, entretanto, movidos pela magia do sentimento, esquecemos que em pouco tempo o verão terminaria. Aliás, corrigindo: eu esqueci, você não!
  Na última semana você sumiu. Me deixou preocupada, com medo que algo de ruim houvesse lhe acontecido. Sofrendo e chorando ao pensar que, para você, tudo havia sido somente uma brincadeira. Sumiste, me impedindo de entrar em contato contigo, e me fazendo pensar que havia acabado.
  Entretanto, hoje eu entendo. Foi medo. Medo de se apegar mais, de sofrer, de me fazer sofrer, de pisar no terreno desconhecido do amor. Sobrou medo e faltou coragem! Coragem de olhar nos meus olhos pela última vez e dizer adeus, coragem de dizer aos outros que ficaria, coragem de fazer o que seu coração implorava e não o que as pessoas esperavam que tu fizesse.
  Mas eu sei... sei que me amas, e que o medo te impede de viver e ser feliz. Sei que está sofrendo e que agora, no momento em que o trem faz a curva e some no horizonte, você reluta em olhar para trás, e uma lágrima escorre por tua face, enchendo de líquido salgado os teus lábios, que receberam meu beijo doce, no momento em que vês uma foto nossa que tiraste do bolso.
  Dou meia volta, também chorando, e começo a andar retornando para casa. Derrepente tropeço e olho para o chão. Acabo de tropeçar em seu coração, envolvido com um laço de fita, e com um bilhete que assim diz: “Para minha doce amada!”. Você partira mas seu coração ficara, afinal ele pertencia a mim. E eu cuidaria dele como minha vida – pois assim ele o era.


"Sobrou desse nosso desencontro, um conto de amor sem ponto final."
(Chico Buarque )



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