Hoje o samba saiu para comemorar Chico Buarque! #Chico70

quinta-feira, 19 de junho de 2014


  Hoje é aniversário de Francisco Buarque de Hollanda.
  Daquele que, aos 22 anos, tornou-se peça - valiosíssima - de museu, ao colocar sua banda na rua. Uma banda sem muita pretensão, mas que arrastou consigo uma multidão, atraída pela dose de amor e leveza que tanto se fazia necessária ao retorno da esperança, e que fizesse olhar para qualquer pedro penseiro perdido esperando por um espaço na roda viva. Poeta, malandro, gênio... Do morro, da praia, do asfalto e da boemia! Capaz de pisar no terreno mais instável, o do coração, e tornar-se morador incontestável deste! (Deve-se a glória aos olhos de comer fotografia?)
   Conheci Chico já maduro! Enquanto adolescentes se encantavam por bandas e artistas comuns a idade, eu me encantei por um homem grisalho, de olhos cor de ardósia, cujas músicas pareciam ecoar em meus ouvidos desde sempre. Na busca de conhecê-lo, veio Todo Sentimento, Mil Perdões, Dueto, e o arremate do amor: Sim, eu estava envolvida pelo eterno prisioneiro do tempo! Dos olhos que enfeitiçam, do sorriso tímido (e irrevogavelmente encantador), e das letras elevadas a título de poesia, que, ao mesmo tempo que podem ferir e expor, trazem aconchego e sorrisos involuntários, por tocar em nossa dor, e tornar o amargor, poesia!
   Quisera eu ser uma das mulheres entoadas por ti! Não dessas que cumprem a sina de sofrer, como Bárbara. Eu queria mesmo era dançar no sétimo céu, receber teus 7 mil amores, ou me aconchegar em teu pobre peito, sendo apenas morena, deixando os "olhos d'água" para além mar. Podias me escrever em um livro também, desses teus que cruzam limites e chegam junto ás obras feitas com maestria, que nos levam pela mão e são capazes de todas as proezas!
   Como não te admirar Francisco? Como não ser levada pela grandeza que coexiste com a doce simplicidade de dizer-se apenas mais um que, ao "ver nada der certo", começou a tocar violão e a cantar, mesmo sentindo horror aos palcos? Chegastes assim, de mansinho, entrando pela porta da frente, como um parente querido, penetrando na intimidade do lar - e do ser -, nos dando a certeza de que se não existisses, seríamos todos mais pobres e vazios, sem tijolo e construção. E é devido a isso que enxergamos tanta beleza no dia de hoje: No comemorar de teus 70 anos, com o desejo de que estes se multipliquem, e as vidas - de nós chicólatras - não perca a doçura de ver-te chegar, acendendo o refletor e apurando o tamborim, com o jeitinho Buarque de ser, nos levando ao êxtase e a leveza!
   Serás eterno, Francisco, e ecoará por milênios e milênios, não no ar, mas sim em nossos corações, porque, como eu já disse uma vez, não és somente som, letra, e uma simples matéria, és paixão que não precisa ser descrita, e sim sentida com alma e coração, pois são esses os únicos lugares capazes de te abrigar!
   Vida longa é o que deseja esse alguém que se perdeu na imensidão verde dos olhos teus, que tornou-se tua menina, e leva consigo um amor e uma admiração, assim feito tatuagem, que não fenecem, e não cansam de serem ditas e reditas! 
   Feliz aniversário! ♥

Ao Maestro Soberano: Tom Jobim!

domingo, 26 de janeiro de 2014




- Porque sempre é dia de celebrar o maestro soberano que levou o Brasil no nome, no coração, e nos mais belos acordes de sua canção! -

  Antônio Brasileiro... Sem saber, soprou as toadas que, para sempre, seriam trilhas de nossas jornadas. Se até Sinatra o reverenciou, o que mais podemos dizer? Somente que ficamos assim, como retrato-em-branco-e-preto, carentes das cores de tuas melodias... Se alguns não sabem apreciá-las, perdoa-os maestro, nem todos têm ouvidos iguais aos seus, possuem apenas aqueles que Deus lhes deu.... 

  Em tuas canções, revelastes o Rio para o mundo... Corcovado e Ipanema, ficaram ainda mais belos ao serem emoldurados por teus acordes! Garota de Ipanema... Que moça nunca desejou ser aquela que faz o mar seguir a cadência do seu rebolado no vai e vem das ondas? Todas queríamos ser um poema ao alcance de tuas mãos... 

  Ah, grande gênio, tentaram te prender em gêneros, - que tolos! - , tu escapulistes de todos... Fostes da beleza de Copacabana á vida dura do morro feito por um povo que precisa de voz... Abristes caminhos para a Bossa Nova, e partiu, passeando por outros estilos, com seu jeito mais do que único de tocar violão, extraindo as notas mais belas as quais nossos ouvidos - e coração - foram apresentados. O que fizestes com nosso coração e alma? Roubastes no roubo mais poético que já pôde ser visto, junto a Chico e Vinícius, principalmente. O gênio, o malandro, o poeta... Fizeram das canções impossíveis as mais belas canções de amor: dos olhos que se encontram, das mãos que se anseiam, do sentimento desenfreado, do coração partido (que fez, das mentiras de amor, um samba-canção)...

  Ah Maestro, quanta ausência... Quanta falta fazes aqui! Melodias engavetadas por não estares aqui para ouvi-las serem letradas... Imagina isso? Não há sentido de compor sem a tua "pegação de pé" com a letra. O Jardim Botânico ficou menos esplendoroso sem seu ilustre visitante. Faltam seus passeios. Falta quem se atente aos macucos (ou macacos, ou malucos). Falta quem procure o verdadeiro nome das plantas (abandonastes Chico com sua 'mangífera índica'). Quanto ao Bar do Veloso? Sem o gênio e o poeta, creio que a beleza gloriosa da boemia que o preencheu, hoje vive só na lembrança... 
 
  Ah Antônio, não peço que toques, afinal, sei que partistes já saturado de tantas notas e sons; só peço que nos ensine daí, a sermos mais gente de pé no chão e de coração mais aberto, como fostes, porque meu amigo, só nos resta a certeza de que é preciso inventar de novo o amor! 
 
  De cá, estaremos celebrando tua trajetória, cantando tuas poesias para encher o coração de mais fé em nossa ascensão, afinal a boa música é sim uma forma de oração! 

  Parabéns Maestro amado! 
  Preenches aquilo que te cabe: o lugar eterno em nossos corações! 

Feliz novo ano!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014



   E mais um ano se inicia... 2014! Todas as esperanças se voltam para ele. Mas para quê? 2014 nada mais é que um número. O mundo não se transformou, como num passe de mágica, no estourar de fogos a meia noite. Pode ser decepcionante, mas a vida continua a mesma, com os mesmos males. 

   O que ganhamos? Uma oportunidade de fazer diferente, de SER diferente. Pois sejamos! Que deixemos para trás tudo de ruim que 2013 trouxe consigo. Queremos uma vida diferente? Pois sejamos a diferença que desejamos ver! Queremos uma sociedade mais humana? Aprendamos a estender a mão. Um país mais igual? Gritemos a insatisfação e usemos o poder que temos nas urnas. Uma vida mais feliz? Pois ofereçamos sorrisos a vida! Talvez não exista frase mais clichê do que "seja a mudança que você deseja ver no mundo", e talvez não exista ensinamento mais válido.

   Revolucione sua qualidade de vida! Chega de murmurar. Está passando por dificuldades? Extraia aprendizagem de suas feridas. O amor sonhado não chegou? Se divirta. O sonho não realizou? Pergunte-se o que pode ter feito de errado, procure ver o que você precisa aprender para alcançar a realização. Se decepcionou? Muitas vezes a solução para evitar grandes decepções está nas nossas mãos, entretanto se torna muito mais fácil colocar a responsabilidade em cima de outro. Mude junto á mudança de data!

   Para o novo ano? Que não nos falte amor, fé, alegria, sabedoria, força, sonhos, saúde. Que não paremos nunca! Se não pudermos correr, andemos. Se estivermos machucados demais para andar sozinhos, que tenhamos um amigo para nos apoiar durante a caminhada. Que aprendamos a ser nossa melhor companhia, e que nosso interior seja o melhor lugar do mundo, pois só quando estivermos totalmente seguros de quem somos, é que teremos toda a força para conquistar o mundo! 

   E se tudo isso nos fizer morada, não tenho mais nada a desejar para 2014, somente novos dias, pois esse poderá sim ser o ano de nossa vida. Feliz ano novo! Feliz vida nova! Seja grande! Aprenda a aprender consigo mesmo. Se conheça. Se descubra. Deixe-se ser... Sejamos! Feliz 2014! 

"Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre."
(Carlos Drummond de Andrade)

De onde vêm as palavras para se tornar poesia?

domingo, 24 de novembro de 2013



De onde vêm as palavras que se tornam poesia?
Para onde vão todos os sentimentos que,
cansados de habitar uma só alma, partem
para, logo depois, retornar,
por uma espécie de mágica,
nas combinações mais belas de nossa linguagem?
Não falo de métrica, rima, e todo o mais.
Falo de beleza poética,
a beleza da verdade,
que só quem abre o coração para a poesia pode perceber.
De onde vem a tão conhecida inspiração?
Para onde vai a poesia que, depois de escrita,
Passa anos a fio a esperar,
dentro de uma velha gaveta?
Palavras á mofar...
Por vezes somem,
restando somente a sombra no papel amarelado.
Para onde vão?
Retornarão?
Quanto mistério...
Há quem pense que escritores o conhecem.
Que hilário!
Logo nós, simples fantoches das letras.
Letras que bailam ao som de sua própria melodia...
Nada mais somos que meios para materializá-las.
Como seria maravilhoso conhecer o que nos move...
- Não se preocupe em entender,
escrever ultrapassa qualquer entendimento -.
Se houver um mundo mágico das palavras,
quero ser transportada para lá...
Afinal, só desejo saber,
de onde vêm as palavras para se tornar poesia?


"Onde as palavras se encontram

Pra formar poesia?
O silêncio sopra em versos
Pares nos sonetos da fala
Sem pressa
Como encaixe de xadrez..."
(Saulo Fernandes)

Centenário Vinícius de Moraes

sábado, 19 de outubro de 2013




100 anos...
100 anos é pouco para conter tua história,
33 anos é muito para essa saudade toda que sentimos!
Cadê meu poetinha?
Ah, quanta falta você faz Vininha...
Burguês, boêmio, sem limites, dirão uns;
Poeta, gênio, eterno, dirão outros.
Diplomata, dramaturgo, jornalista, compositor...
Homem do mundo, devoto da liberdade...
Se tornou cada vez mais nosso.
Do Brasil, da mistura, da heterogeneidade.
De tantos amores, intensos, consumidores...
Eternos até enquanto duraram.
9 amores, cada qual do seu jeito,
Lindamente retratados nas mais belas palavras que o sentimento já habitou.
- Se eu fosse um poema, gostaria de ser fruto desse coração! -
Mais do que letras, conhecia a música das palavras.
E que músicas...
Há 55 anos, rimamos peixinhos com beijinhos da maneira mais leve e doce que existe.
Vinícius da bossa, do morro, da beleza...
Das diversas línguas.
Dominou uma: a do coração.
Como nos tocou, como nos toca.
Somos todos reféns do sentimento nato que transcende as palavras.
Partiste cedo, de repente, não mais que de repente.
Deixaste-nos todos meio órfãos.
O copo de whisky esperando sobre a mesa.
O papel esperando a doçura de tua poesia.
Melodias esperando tuas letras para serem...
Serem o que?
Nem Tom Jobim conseguia definir.
- Todos morremos um pouco com ele sobre aquele piano. -
Fostes, és, e serás sempre.
Eternidade é o que te cabe,
Porque nada é capaz de te mensurar,
E todo tempo é pouco para o deleite em tua poesia.
Feliz 100 anos ao, segundo Tom,
Poliedro cujo número de faces tende para o infinito,
e que se chama Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes!

Ps: Perdoa essa homenagem improvisada, poetinha, assim como perdoaste a de Francisco,
Possuo a mesma aspiração de conhecer mais gente assim como você.
Ah... Que maravilha seria viver!


            

Sobre melodias, sorrisos e saudade...

domingo, 22 de setembro de 2013



  Custamos a entender o porquê de pessoas boas partirem cedo não é? 
  Em um mundo repleto de maldade, de descaso, de egoísmo é complicado compreender a partida de pessoas que amamos, que nos encorajam para a batalha, que confiam em nossos sonhos e capacidade. A perca machuca. Tanto faz ser de um grande amigo ou de alguém que cruzou nosso caminho em poucos encontros. 
  Acredito que pessoas têm em si uma melodia. As pessoas especiais têm melodia com acordes especiais que, maravilhosamente, casam de maneira perfeita com nossos acordes, fazendo com que a vida soe uma música maravilhosa. Não importa a quantidade de vezes que essa melodia toque, uma vez tocada, ela fica guardada, tocando baixinho dento do coração. Quando essa pessoa parte, a música não pára de tocar, ela só passa a vir mais de longe, com um cheiro de céu e aconchego de anjo. Às vezes, soa comprimida, com notas que, ao serem tocadas, arrancam um pouco de sangue. E a gente revela um sorriso contido, pequeno, amarelo. O coração reclama. O depósito de lágrimas é aberto. Mas a vida lá fora não pára, e não permite que também paremos. Temos que seguir.
  Então lembramos dos sorrisos e das palavras. Dos machucados, saem gotas de força. E começamos a caminhar junto com o mundo, como se aqueles passos novamente tivessem nos encontrado e a risada ainda dobrasse junto com a nossa. Olhamos para o céu. Uma estrela pisca. Então percebemos: aquele sorriso continua conosco... 
Dentro do coração!

"(...) Brilha onde estiver
Faz da lágrima o sangue que nos deixa de pé."

Sobre quem sou

domingo, 15 de setembro de 2013


  Vejo a vida diferente da maioria das pessoas sabe? Às vezes (muitas), tenho quase certeza que não sou daqui, que me jogaram no meio dessa sociedade por algum tipo de engano. Por vezes prefiro me calar e observar. Observar as ações e os agentes. Em meio a tanta superficialidade, é complicado ser tão intensa. Ficar em um canto com milhares de perguntas e respostas, nem sempre correspondentes e proporcionais, é um preço a ser pago! Cresci muito rápido. Me tornei assim ou isso já veio comigo? Sei lá. A vida é mesmo cheia de mistérios! Só sei que sigo, mesmo de um jeito torto. Não importa. Trajetória retilínea é muito chato, até mesmo para a física! Não nasci para ser modelo para a vida de ninguém, já existem diversas pessoas para isso. Nasci para viver da forma que me agrada, para fazer as escolhas que me satisfazem. Se amanhã der errado? Eu corrijo, e sigo outro caminho se preciso for. Mudança de rota é uma das coisas mais interessantes da vida. Sou intensa. Se quero, quero mesmo e vou atrás. E faço! –Talvez- na mesma medida sou inconstante. Se quero hoje, nessa noite iluminada, não significa que irei querer amanhã quando o sol se levantar. Então aproveito até o momento que encerra o prazo de validade. Quando se vão, vão sem maiores dores! Algumas vezes sou flor, mas em outras espinho me define bem melhor. Não se assuste, espinhos são métodos de sobrevivência. Sou feita de extremos. Não tenho muitas certezas, mas dúvidas tenho em montes. E são elas que mantém meus pés próximos ao chão. Voar é bom, mas tem que ser com cautela. Voar alto demais e sem plano resulta em acidente. E tem uns que machucam feio. Há que se voar sem perder o chão, e pisar sem ignorar as asas! Já machuquei e já fui machucada, mas segui em frente, embora os machucados fossem profundos demais.  Poucos sabem quem realmente sou. Revelo pouco, não por maldade e sim por segurança: costumam pisar em cima de flor que vive exposta! Tenho segredos próprios. Preciso da minha verdade íntima para sobreviver! Sou uma mulher diferente. Enfartar numa loja de roupas? Prefiro uma livraria. As palavras me acompanham a todo momento. Me compreendem, me revelam, me guiam. Não falo somente de livros, música também é poesia (pelo menos as que escuto). Clarice, Francisco, Machado, Jane, Fernando, Tom, Tati, Martha, Vinícius, Nando, Ana, Humberto, Oswaldo, Drummond, Cecília, Renato, Caju, e tantos outros, obrigada por me transformarem em palavras! Eu vivo de acreditar. Acredito na mudança de consciência. Podemos ser melhores do que somos, podemos andar de mãos dadas, podemos mudar nosso país, podemos viver plenamente! Sou apaixonada pelo mar. Acho que ele guarda segredos meus em suas profundezas. Aprecio os detalhes, as belezas que passam despercebidas no nosso dia a dia. O encanto vive contido nessas pequenas coisas, e só quem está sensível a estas pode encontrá-lo! Sou teimosa. Sigo o que acredito até o fim. Sou guerreira. Continuo na luta mesmo que as feridas doam muito. Quero chegar no mais alto ponto de mim mesma, e essa é uma caminhada árdua. Sou avessa a limitações. Não que eu seja uma louca sem dono, mas não me agrada viver uma vida limitada. Não suporto a ideia de quererem regrar meus atos e passos. Luto pelo que acredito. Se não me agrada, eu contesto. Vou pra conversa, vou pra luta, vou pra rua! Convivo com uma saudade imensa. Que dói, que sangra, mas que é a mesma que me fortalece para a luta. Gosto de gente, alegria, festa e diversão, mas preciso de momentos de reclusão. Longe de internet, celular e pessoas. Momentos de encontro comigo mesma. Momentos onde descubro o que realmente acontece aqui dentro, nesse lugar incrível que é minha alma, aonde a vida realmente acontece. Momentos de organizar pensamentos, sentimentos, escolhas, rotas. Jogar fora aquilo que já não serve, reorganizar as posições, abrir espaços para novas coisas. Preciso disso para me manter viva, para me manter sã. Não suporto amarras. Quem quiser me manter próxima precisa aprender a respeitar meus momentos de ‘lonjura’. Sei que é complicado, foi até mesmo para mim. Não ando só. Levo fé, levo paz, levo amor. Quero mais, quero longe, quero além. Daqui pra frente, essa é a ordem! Agora deixa eu ir, vou sair por aí enfeitando a vida do meu jeito. Espalhando cores, brilhos e confetes para intimidar qualquer céu negro que queira encobrir meu caminho, afinal, preto e branco só é uma bela tendência para moda e fotografia!

Grande Francisco! ♥

domingo, 27 de maio de 2012


  

  Como descrever o show de Chico Buarque? Ainda me faço essa pergunta. Quando o espetáculo chegou ao fim, comecei a pensar em palavras para descrever, mas elas me escaparam. Quando ele subiu ao palco, foi puro êxtase. Impossível transcrever a minha emoção. Eu só fui capaz de sorrir, aplaudir e chorar. Só a presença dele era suficiente. Mesmo que ele não proferisse uma só letra, eu estaria realizada. Mas ele cantou (e encantou)! As primeiras palavras que saíram de sua boca, foram ao encontro direto do meu coração, e a alma ficou repleta de uma beleza radiante de sensações! Ao ouvir clássicos como “Todo o Sentimento” e “Futuro Amantes”, tornei-me toda coração. Tive a sensação de que ele, enquanto cantava, olhava no fundo dos meus olhos, mesmo que eu estivesse á metros de distância de sua pessoa.  Ao ouvir “Sou Eu” e “A Violeira”, dancei, mesmo que somente com a alma. Ao ouvir “Desalento” e “Bastidores”, as lágrimas rolaram, sem freio. Ao vê-lo tão doce, tão simples e tão acanhando ao esquecer um pedaço da letra em “Se Eu Soubesse”, me apaixonei ainda mais por Chico. Me perguntava se era possível se apaixonar cada vez mais por uma pessoa, e ele me trouxe a resposta: Sim! Ao admirá-lo cantando “Geni e o Zepelim”, surgiu frente aos meus olhos, Chico ainda novo. Aquele que ali estava, de cabelos grisalhos, com roupa preta e que trazia no rosto as marcas da passagem do tempo, foi “substituído” por um de cabelos ainda castanhos, partido de lado, com uma blusa branca, e um rosto mais jovem. Entretanto, duas coisas permaneciam intactas: o talento e o belo par de olhos azuis, que me fizeram entender verdadeiramente o termo “eterno prisioneiro do tempo”. Cantei a noite inteira, sem restrições, como se ali só estivessem Chico e eu. Ao vê-lo se despedir, só tive a ação de ficar em pé e aplaudi-lo. Nada de tristeza, pois, como ele tinha acabado de cantar, todo artista tinha que partir. Ele cantava, emocionava, deixava um pedaço seu em cada palco, mas, ao final da noite, o corpo tinha que ir embora. Entretanto, verdadeiramente, Chico jamais diria adeus, porque ele não é matéria, não é som, não é letra, Chico é emoção, é paixão. Não há como descrevê-lo, podemos somente guardá-lo na alma e no coração, pois esses são os únicos lugares que o cabem. Chico é rei! E nada mais me resta a dizer.. 

Sobre quando a vida "é".

terça-feira, 1 de maio de 2012




  As roupas já não vestem. Os sapatos já não cabem. As migalhas não mais satisfazem. As coisas já não bastam. A multidão já não acolhe. Os sorrisos já não são despertados pelas mesmas coisas de outrora. As lágrimas já brotam com mais facilidade, ou já secaram e ficaram retidas dentro do peito, sem previsão de liberdade. O sol já não brilha com tanta intensidade. Os passos já não são tão largos. O coração quase não palpita. A respiração é quase inaudível. O travesseiro é o melhor companheiro. A imagem já não é a mesma no espelho... Parece que você foi se perdendo pela estrada, que a cada passo, pedaços seus foram caindo, e lá ficaram, no meio do caminho, sem resgate. O que restou? É difícil calcular. Ás vezes, você se torna distante até de si mesmo. Nada se encaixa. Nada faz sentido. As lembranças somam-se ás incógnitas do futuro, fazendo com que o presente se torne uma grande bagunça. O fim da estrada? Não há como percebê-lo. Está encoberto pela névoa do enleio e do medo. Parece que não há mais saída... E é nesse momento que a vida se transforma! Que o novo surge com suas cores e aromas. Que uma nova imagem surge no espelho. Você não se reconhece, mas sabe que a sua essência não mudou, que seu “eu” está ali, numa versão melhorada. Você é mais forte, mais preparado, mais livre, mais sábio. Novas oportunidades e sabores surgem, e o receio pode aparecer. Mas não tema. Se jogue! As melhores coisas não podem ser explicadas, e nem precisam disso. Deixe a vida “ser”. Mais na frente, tudo se justifica, e você, finalmente, vai entender o propósito de todas as coisas. 

"O tempo passa. O fôlego retorna. 
Parece milagre, mas as sementes de cura começam a florescer 
nos mesmos jardins onde parecia que nenhuma outra flor brotaria.
A alma é sábia: enquanto achamos que só existe dor, 
ela trabalha, em silêncio, para tecer o momento novo. 
E ele chega."
(Ana Jácomo)





Nossa "prosa".

sábado, 3 de março de 2012

 
  Como é gostoso quando teu cheiro fica em minha pele, me levando a recordar de nossos momentos, e fazendo com que um sorriso brote em meu rosto. Lembro de seus olhares repletos de ternura, de seus sorrisos sinceros, do teu coração precipitado. Lembro dos teus braços fortes que me aquietam, dos teus carinhos que me confortam, dos teus beijos que me envolvem. Me fizeste conhecer um ser que nunca imaginei que fizesse parte do mosaico de tua alma. Apareceste no momento exato, sem que eu aguardasse ou previsse. Como se houvesse caído de um asteroide. Um asteroide abençoado, apesar de todos os pesares. Você foi o porto em que eu necessitava atracar. O abraço que eu carecia para descansar. O agente imunizador que impediu que as dores chegassem. Você foi um presente! Tão parecidos, e tão opostos... Que peça que a vida me pregou! Ela, como sempre, com seus mistérios e suas surpresas. Pagamos para ver, e estamos aqui, caminhando como podemos, com nossos acertos e falhas, sem esperanças ou ilusões. Até quando? Esse é outro mistério, e não tenho feito esforço algum para desvenda-lo. Que o presente nos baste. E que, de nossa prosa sem ritmo, sem rimas e contagens, consigamos eternizar uma bela poesia!

"Ele apareceu tão de repente na sua vida
com aquele brilho manso no olhar, com aquela meiguice na voz,
sem pedir coisa alguma,
meio como um Pequeno Príncipe caído de um asteroide."
(Rubem Alves)